Kafka Edições, Brasil, 2023 [ POESIA / ROMANCE ]

imagens de calí boreaz
posfácio de Cleide Simões

detalhes
formato: 16 x 23cm | páginas: 223


sobre o livro




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"Um trabalho com a linguagem que nos coloca na fronteira entre a prosa e a poesia, além de dialogar com as artes visuais, fazendo com que a obra flerte com a instalação. Ao mesmo tempo desconstrói, para aquilo que chamamos de romance, interpretações mais limitadas próprias deste campo narrativo, e se abre à polissemia. O livro nos coloca ainda naquela tensão entre o dito e o não dito e frente à iminência do acontecer enquanto gênero. a tela finalmente escura, de calí boreaz, é uma obra de uma dicção altamente contemporânea."

— Kafka Edições
Curitiba, agosto\2023


"A tela finalmente escura é um livro para se ler com o corpo inteiro. Aos olhos são oferecidos, como um anterrosto, imagens da cidade, da poeta, de homens que se ergueram para a cena flagrada e filtrada pelas lentes e discursos macros, em remissões intertextuais ao cinema, à fotografia, às obras de afins e afetos, às literaturas de origem e tardas, laborando, assim, um imenso diálogo de uma só voz escrita com volúpia interrogativa. O ritmo da imagem é ato superior ao entendimento: a poesia e a neblina oceânica, ainda assim, insistem nesse toque erotizado. O roteiro imagético de uma alma poética e estrangeira inaugura sentidos e relevâncias, dando aos comuns e a si própria a coragem de sacar do privado uma paixão pública, tomando-nos pela mão para uma expansão, operando a literatura com novos materiais. calí boreaz oferece-nos desconcertantes imersões na contemporaneidade poética. a tela finalmente escura é um livro com uma visceralidade incomum. O planeta poesia, enfim, foi habitado."

— Cleide Simões, professora de literatura e crítica literária
Belo Horizonte, agosto\2023



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digo eu:

n' a tela finalmente escura, a poesia atravessa várias linguagens: da prosa, do poema, da fotografia, da pintura. pode ser lido como um romance-puzzle, já que possui uma sequência, uma história que inicia, acontece, finda e refinda ao longo de recortes que vão compondo uma só paisagem. mesmo os contos inclusos contam partes da mesma história, de forma simbólica, usando personagens supostamente distintos em contextos aparentemente distantes, mas que, em essência, são o mesmo personagem vivendo o mesmo em diferentes momentos psíquicos.

gosto de o chamar um livro de clarões — atirados ao tempo-espaço: relâmpagos que se acendem e se apagam, expondo fendas e vislumbres, e o caminho desavindo.

este terceiro livro de alguma maneira junta o amor taquicárdico do outono azul a sul com o niilismo expansional do tesserato, os meus livros anteriores, num grande desmoronamento poético-filosófico. depois do tesserato — o hipercubo — passamos a girar no seu correspondente esférico, o toro de clifford, numa cambaleante imersão nos desvértices existenciais. à medida que os pontos do livro vão se unindo, o trânsito íntimo entre hemisférios, os rast[r]os de aviões e as luas a medir a velocidade do esquecimento, os personagens amantes, amigos e geográficos, com protagonismo de alguns lugares como Copacabana, o México ou a Transilvânia, ou simplesmente uma janela ou varanda para o debruçamento — são convites ignescentes para para se fixar nos pontos de escuridão, relâmpagos em meio ao caos entre luzes e ilusões.


por dentro dos olhos exercito a visão de uma flor num cacto. de uma flor de cor amarela: um mínimo sol na noite máxima de cada segundo que passa. e ao segundo que não passa, esse que está parado sobre a arrebentação da onda, respondo-lhe, como quem espaça: a resposta pode vir de outro lugar





recortes do livro





trilha sonora do livro

uma playlist no spotify: